Barata Eletrica20:(SISTE20.TXT):20/02/1999 << Back To Barata Eletrica20


Como Sair do Sistema (r) Derneval R.R. Cunha derneval@bigfoot.com Trago dentro do meu coraτπo, Como num cofre que se nπo pode fechar de cheio, Todos os lugares onde estive, Todos os portos a que cheguei, Todos os portos a que cheguei, Todas as paisagens que vi atravΘs de janelas ou vigias, [Image] Ou de tombadilhos, sonhando, E tudo isso, que Θ tanto, Θ pouco para o que eu quero. A entrada de Singapura, manhπ subindo, cor verde, O coral das Maldivas em passagem cßlida, Macau α uma hora da noite... Acordo de repente... Yat-l⌠--⌠-⌠⌠⌠-⌠-⌠-⌠-⌠-⌠-⌠...Ghi-... E aquilo soa-me do fundo de uma outra realidade... A estatura norte-africana quase de Zanzibar ao sol... Dar-es-Salaam (a saφda Θ difφcil)... Majunga, Nossi-BΘ, verduras de Madagascar... Tempestades em torno ao Guardafui... E o Cabo da Boa Esperanτa nφtido ao sol da madrugada... E a Cidade do Cabo com a Montanha da Mesa ao fundo... Viajei por mais terras do que aquelas em que toquei... Vi mais paisagens do que aquelas em que pus os olhos... Experimentei mais sensaτ⌡es do que todas as sensaτ⌡es que senti, Porque, por mais que sentisse, sempre me faltou que sentir E a vida sempre me doeu, sempre foi pouco, e eu infeliz. FERNANDO PESSOA Poesias de ┴lvaro de Campos http://www.lsi.usp.br/art/pessoa/ficcoes/acampos/445.html Uns anos atrßs, um amigo, o Carlos, tecladista de uma banda de Rock me perguntou: - Derneval, que que vocΩ faria se tivesse grana? Falei na lata: - Primeiro, acho que ia pro Rio de Janeiro, ver um lance numa gravadora. - Depois? - Ia ver meu passaporte e comprava uma passagem pra Los Angeles. - E depois? - Humm, chegando lß, eu ia num Shopping Center da vida e comprava umas coisas.. - Que coisas? - Uma filmadora, um sonzinho portßtil, uma prancha de surf.. umas coisas assim. - E depois dessa febre consumista? - Alugava um carro e ia para aquela praia lß onde filmam o seriado Baywatch ou sei lß, Malibu - E.. - Botava som na caixa, "Garota eu T╘ na Calif≤rnia, vivendo a vida sobre as ondas, jß sou artista de cinema, cheguei aqui jß sou star.. ".. :-) Falando sΘrio, talvez fosse lß s≤ pra surfar - Por que lß as ondas sπo melhores, Θ? - Claro, nπo sou mais crianτa, nπo entendo nada de surf, tenho que comeτar num lugar onde pinta onda.. - Sei.. Naqueles dias eu estava inspirado.. Toda vez que alguΘm enche a paciΩncia, eu penso que atΘ nπo Θ uma idΘia ruim. Isso foi antes, l≤gico, de conhecer lugares como Porto Seguro (saudades da Bell) e de viajar um pouco pelo litoral norte. Mas a verdade Θ que de vez Bell) e de viajar um pouco pelo litoral norte. Mas a verdade Θ que de vez em quando pinta essa vontade de largar tudo e simplesmente esquecer [Image] o mundo. Sair por aφ. Na verdade, antes de saber direito o que era programaτπo, tinha um parente meu que jß me falava de ex-programadores que viraram hippies. Ou coisa do gΩnero. Dß uma coisas chamada Burn-out. Queimou tudo na cabeτa. ╔ pensando neles que tirei a idΘia de escrever estas linhas. Como Θ o primeiro passo? O primeiro passo Θ querer abandonar o mundo que vocΩ vive. Pode-se perceber nitidamente isso numa pessoa, quando ela comeτa a comparar a vida lß fora com a vida que tem aqui no Brasil. Aφ vocΩ percebe que a pessoa s≤ estß aqui em espφrito. A ambiτπo dela estß fora. Eu classifico essa paixπo na seguinte ordem: "nordestino, quer mais Θ vir para Sπo Paulo, JaponΩs, ir para o Japπo. Agora, sonho de mineiro Θ ir para Nova York".. Tem gente que fala em outros objetivos, como fazer a amΘrica, voltar rico. Outros, falam em fazer cursos. E voltar? O que Θ essa vida Pra comeτar, nπo Θ vida criminosa, JURIDICAMENTE falando, marginal Θ o sujeito que vive a margem da sociedade. Que nπo vota, nπo contribui, nπo tem endereτo fixo. Uma vida meio clandestina portanto. Quem assistiu "Terra Estrangeira"? Pois Θ. Aquilo Θ um exemplo. Se vocΩ ler os livros do Fernando Gabeira no exφlio (ou os do Alfredo Sirkis), vai ter uma vaga idΘia do que Θ viver sem lenτo nem documento. Sentir uma coisa chamada Banzo. Ou entender aquela m·sica "O sonho acabou", "Se oriente, rapaz", "Expresso 2222" (Gilberto Gil essas ·ltimas - se nπo estou enganado), "I don't want to stay here" (Paulo Diniz), "Meu caro amigo", "Samba de Orly", "Bye, bye Brasil" (Chico Buarque). E o l'Argent? [Image] A pessoa pode decidir ir numas pelo Brasil, vender o carro (ou "puxar o carro") e sair por aφ. Um amigo meu, de MG, foi fazer umas fΘrias no Cearß. Voltou 17 anos depois. O problema nπo Θ tanto o dinheiro. As vezes, quem nπo tem grana estß fazendo um ≤timo neg≤cio em nπo ir embora. Pois pode saber mais sobre o lugar para onde vai, aprender outra lφngua, desenvolver um projeto. Planejar a volta. Enfim, fazer uma aventura. Qual a diferenτa entre uma aventura e sair do sistema? A aventura um dia acaba e vocΩ pode atΘ voltar. Sair do sistema Θ um pouco mais fßcil, mas a volta nπo existe. O ponto de partida mudou e ao voltar, esta-se indo, nπo voltando. Por exemplo, ao entrar pra uma pseudo-religiπo ou mesmo simplesmente jogar tudo fora e viver ao relento em algum lugar numa praia deserta. Nπo se volta a mesma pessoa. O que se ganha, largando tudo? ╔ perigoso, continuar lendo o que tenho pra escrever sobre isso, aviso. Alguns vπo passar batido pelo texto. Outros vπo cultivar coisas negativas sobre uma vida que dificilmente pode ser mudada.. Nπo sei responder. ╔ algo muito pessoal. ╔ mais fßcil perguntar, num cemitΘrio, que raz⌡es o morto tem para continuar lß. Ele estß lß porque nπo estß vivo. Se ele estivesse vivo estaria em algum outro lugar. Todo mundo tΘm uma razπo para ir para o cemitΘrio. Viajar Θ o contrßrio. "Nπo se viaja para ir a algum lugar, mas para se ir" (Robert Louis Stevenson). viaja para ir a algum lugar, mas para se ir" (Robert Louis Stevenson). [Image] Sim, existem motivaτ⌡es como: Dar a volta ao mundo, conhecer as pirΓmides, visitar lugares sagrados, ver o por do sol no topo de uma montanha, viajar por toda Europa, saber de onde seus antepassados vieram, arrumar dinheiro atravΘs do transporte informal de mercadorias (vulgo muamba), saber onde o sol se p⌡e, largar o esposo, esposa, namorada, sogra, pais, assumir o outro lado, aprender lφnguas, aprender a se virar, conhecer Meca ou Mecas (de suruba, esportes, cultura), etc, etc.. Como Θ que Θ o lance? O ideal Θ ter pelo menos feito a graduaτπo. Assim se pode ter uma bagagem de vida para encarar uma sΘrie de coisas que acontecem. Vamos supor que seja a Europa ou os EUA. Pode-se conseguir uma bolsa, um trabalho ou mesmo ir com as economias. ╔ muito difφcil viver longe dos pais, da famφlia sem ter experiΩncia de vida. E se algo errado acontecer? Se vocΩ pensa nisso, seu neg≤cio Θ uma agΩncia de viagens. Por um preτo m≤dico, vocΩ compra essa seguranτa. Esse texto nπo Θ um folheto de viagens e nem eu represento agΩncia. Estou falando de algo que algumas pessoas resolvem fazer. E a vida da pessoa Θ aquilo que ela faz dela. Entπo, muitas coisas podem acontecer. As hist≤rias que jß ouvi falar/ presenciei sπo coisas mais ou menos neste estilo: * Pense em ficar 3, 4 dias sem tomar banho, porque simplesmente estß frio demais para tirar toda a roupa (ou porque estß viajando hß dias e nπo pode se dar ao luxo de trocar o camping selvagem por hotel). * Morar num apartamento com banheiro coletivo, que lota de manhπ quando vocΩ precisa se lavar para ir embora. * Ficar sem grana e de repente precisar ir ao mΘdico. * Ser assaltado e ter que fugir dos policiais para nπo dar queixa (porque vocΩ estß com seu visto vencido ou trabalhando ilegal). * Voltar para casa e descobrir que aquele cara legal que estava te hospedando foi pra GrΘcia e esqueceu de deixar a [Image] chave (ou pior, te roubou tudo). * Ou descobrir que o mesmo cara legal estß afim do seu corpo? * Ver alguΘm comer num restaurante e lembrar que em casa s≤ tem um queijo te esperando. * Passar dias e dias esperando carona para algum lugar, no meio de um vento gelado. * Esquecer o que Θ comer bem, dormir confortßvel, vestir roupas limpas, s≤ pra poder ter dinheiro para ir para a GrΘcia ou outro lugar qualquer interessante. * Descobrir que um incΩndio no andar de baixo do lugar onde vocΩ mora transformou seu passaporte/ dinheiro / roupas em cinzas molhadas. Cara, isso parece muito louco.. Nπo sei porque vocΩ insiste nisso. O que vale sua sanidade mental, nos dias de hoje? Me traduz em dinheiro (d≤lares, please), o que alguΘm ganha pra se manter mentalmente sπo. E o que Θ essa coisa de "normalidade"? ╔ acordar de manhπ cedo, enfrentar o trßfego ou o ⌠nibus lotado para trabalhar num escrit≤rio abafado, cheio de gente a qual as vezes nπo se quer ver nem pelas costas. Com um chefe que te irrita, humilha, desespera e fala mal do seu trabalho, isso quando nπo te lembra que a coisa lß fora tß ruim e que um monte de gente estß procurando emprego. O seu. Aφ, ao voltar pra casa, s≤ problemas e a televisπo te mostrando mulher pelada na praia pra te lembrar que se a aparΩncia fosse um objeto ·til, a sua tava no lixo faz tempo... Nenhum louco se preocupa com isso. Doido mesmo desencana. E curte a vida assim mesmo. Tß na dele. Algumas dicas e hist≤rias: Seo assunto Θ cair na estrada e ainda por cima, fora do Brasil (fazer isso aqui dentro Θ possφvel, mas nπo tem tanto charme, nem dß vontade de comentar, porque ninguΘm entende), o melhor Θ saber pelo menos morar sozinho. Quer dizer, saber fazer compras no supermercado, fazer comida, lavar a roupa, trabalhar e viajar, sem pedir ajuda a ninguΘm. Em outras palavras, saber se virar um mφnimo. PorquΩ nπo Θ fßcil. Todas as decis⌡es caem nas suas costas. A legislaτπo pode mudar e vocΩ pode ficar impedido de receber dinheiro do Brasil, por exemplo. NinguΘm quer bancar a babß de um "calouro". Outra coisa Θ saber um pouco de inglΩs ou da lφngua do lugar onde vocΩ vai ficar/ passear / sobreviver. Mas o mais importante e interessante Θ conhecer alguΘm antes. AlguΘm em quem vocΩ possa confiar seria o ideal, porquΩ mesmo parentes ou amigos sπo algo complicado. Jß vi o caso de um sujeito que era normal, antes de ir para Paris. Lß resolveu assumir o lado gay. Mas nπo me disse isso e arrumou hospedagem com um cara que tambΘm era gay. Foi muito chato explicar minha situaτπo sem mandar o cara tomar naquele lugar (ele iria falar OBA!). A primeira coisa que vocΩ aprende Θ a desconfiar dos pr≤prios brasileiros. Nada de emprestar fitas, CDs ou qualquer coisa importante, porque nπo volta. Alißs, mantendo contato com qualquer um: nunca conte a ninguΘm quanto dinheiro vocΩ leva consigo, nπo mostre onde estß guardado, repare bem para nπo fazer nada que indique mais grana no bolso do que a pessoa com quem vocΩ conversa. Alißs, existem bolsas especiais para se guardar o dinheiro e documentos, dentro da camiseta, deixando de fora s≤ o necessßrio. Uma mochila sem armaτπo pode ser pΘssima nas costas, mas Θ mais fßcil de usar do que aqueles troτos enormes de acampamento. Comprar mßquina fotogrßfica grande Θ comprar uma dor de cabeτa (na hora de tirar as fotos) e dor nas costas (carregando o peso extra). Mßquina cara tambΘm dß uma dor de cotovelo, quando te roubam.. Existem dois lugares onde vocΩ com certeza irß, algum dia na sua vida. 2 encontros que quando vocΩ tiver que ir, terß de ir mesmo. Banheiro Θ um deles, ande sempre com papel higiΩnico. O outro Θ cemitΘrio, por isso cuida da sa·de. VΩ se carrega algumas informaτ⌡es pessoais, como receita de ≤culos (se vocΩ usa), xerox das primeiras pßginas do passaporte, endereτo de contato com telefone, qualquer coisa que um mΘdico precisa saber pra te operar, tipo alergias. Aspirina ou vitamina C tambΘm valem a pena. Se teu problema Θ correspondΩncia, existe uma coisa chamada POSTE RESTANTE. AtΘ no Brasil tΘm isso. VocΩ manda como endereτo uma agΩncia (guias turφsticos costumam ter anotado) de correio que vai receber sua carta e Θ s≤ ir buscar lß, depois. Funciona quase como uma caixa postal, coisa que tambΘm recomendo. Acho que se paga uma taxa. Mas nπo se preocupa muito nπo. Em dois meses as pessoas se acostumam com sua ausΩncia e param de escrever. O que traz a seguinte conclusπo: tudo passa, inclusive as amizades. ╔ possφvel ter uns papos incrφveis e no dia seguinte, nunca mais ver a pessoa. Por outro lado, solidπo mesmo Θ quando vocΩ entra no banheiro sem acender a luz. Sem explicaτπo. Que que vocΩ compra e o que que vocΩ nπo compra? Eu sou por comprar apenas aquilo que vocΩ precisa de imediato. Qualquer outra coisa, pode ser comprada no Brasil, cedo ou tarde chega lß. A questπo do preconceito Θ algo que tem que ser trabalhado. Obrigatoriamente. Por exemplo: vocΩ pode ser um cara liberal, conservador, o que quiser. Mas se estß precisando de ajuda, pense muito bem... queimar o filme com um cara s≤ porque ele Θ homossexual/ negro/ etc/ etc, pode te fechar muita porta. Embora seja perigoso confiar em conterrΓneos, nπo Θ muito fßcil viver sem ter um contato mφnimo com eles, sejam quem forem e de onde vierem. Se possφvel, tenha preferΩncias e nπo preconceitos. Acreditar que todo alemπo Θ neo-nazista pode te estragar uma oportunidade de conhecer gente incrφvel. Por outro lado.. Xenofobia e racismo podem ser algo meio chato de se descobrir. O que aqui no Brasil Θ considerado branco, lß Θ moreno. O pessoal lß Θ cor-de-rosa, na verdade. Alguns se viram sem problemas, outros sπo vigiados tπo logo entram em lojas ou bancos. ╔ sΘrio. Ser de origem sφrio-libanesa na Franτa Θ ruim. Tanto pra homem como para mulher. Um grande problema pode ser atravessar fronteiras. Em vßrios casos, Θ necessßrio provar que vocΩ tem grana pra gastar no paφs. Tipo uns 40 ou 50 d≤lares por dia e se seu caso for menos do que isso, tem que comprovar que estß recebendo fundos ou alguΘm se responsabiliza, caso vocΩ fique sem grana. Isso significa ter o fone e endereτo da "vφtima" a mπo, que pode ser checado. ╔ meio desafio, fazer isso. Se vocΩ ficar muito tempo em um lugar, tem que se registrar com a polφcia (se isso for recomendado). Fazer ligaτ⌡es para o Brasil, se for de forma ilegal, te dß direito a uma expulsπo sumßria e/ou prisπo, em vßrios paφses. VocΩ pode dormir na rua. Mas vΩ bem o que estß fazendo. Lß fora tambΘm se queima mendigo. E tambΘm tem ladrπo. Os caras sπo capazes de rasgar um saco de dormir com gilete pra roubar sua carteira. Guarde suas coisas de valor na rodovißria. ╔ que nem aqui no Brasil. Pode ser assaltado ou nπo. Um sujeito me contou uma hist≤ria de ter sido assaltado na Itßlia (bastante comum). Teve que viajar de carona atΘ Paris. Atravessou a fronteira a nado. Felizmente conseguiu se virar depois, mas teve que dormir em carros em estacionamentos e uns outros truques, atΘ economizar o bastante pra fazer um passaporte novo. Alißs, Θ comum desenvolver algum tipo de paran≤ia. Uma Θ a que vπo pedir o seu documento num momento delicado (quando seu visto estiver vencido, por exemplo). Nada diferente de paran≤ia de assalto. Trabalhar no exterior, sem documentos? Se vocΩ Θ um felizardo que tem passaporte italiano, tudo bem. Se nπo, nπo vai ter direito a nada se perder a mπo num acidente de trabalho. Leia o livro "Cabeτa de Turco", me falaram que Θ bastante explφcito com relaτπo ao assunto. Uma coisa que se deve tomar cuidado Θ com as drogas. Um terτo dos brasileiros no exterior consomem s≤ pra aguentar a saudade. Incluindo vinho e aspirina. Sono Θ essencial. Pessoas sonolentas acabam fazendo besteiras dos mais variados tipos, como errar a conta na hora de trocar os d≤lares, etc.. alΘm disso o cara vΩ que vocΩ estß com sono e jß erra no troco. Livros de viagem, por mais legais que sejam, nπo sπo substituto para informaτπo no local. Com a internet, fica muito fßcil isso. Tem por exemplo o http://www.hostels.com Se por um acaso vocΩ caiu numa cidade onde nπo estß no mapa, sempre o melhor lugar pra comeτar a se localizar Θ na rodovißria. Nem sempre Θ o lugar ideal pra se trocar dinheiro. Uma coisa a qual a pessoa s≤ vai se dar conta Θ que ter capital em forma de vil metal nπo conta muito. Existe necessidade de outros tipos de recursos, chamado de Capital Cultural. ╔ aquele jeitinho de ser brasileiro. Mas tambΘm Θ aquele curso sobre cultura barroca, aquelas liτ⌡es de lambada, aquela f≤rmula secreta de misturar uma caipirinha, sei lß. Sπo coisas que se tira da manga e servem para longas conversas noite a dentro. Uma preparaτπo mais objetiva Θ praticar esporte. Ajuda muito quando vocΩ tem que andar quil⌠metros com uma mochila nas costas e nada no est⌠mago. Escrever cartas tambΘm Θ legal. Tirar fotos Θ muito caro, a longo prazo. S≤ revele o negativo do filme. Lφngua estrangeira deveria ser obrigat≤rio, antes de uma experiΩncia desse tipo, mas nπo Θ obrigat≤rio. Conheci gente lß fora que se virava hß uns quatro anos sem falar inglΩs, s≤ entendia (tambΘm s≤ conversava com brasileiros, grande merda). Com policiais, pode valer a pena esquecer todos aqueles anos na Alianτa Francesa... Tem muitas outras dicas. A pessoa aprende enquanto viaja. Mas a mais importante talvez seja saber voltar. Isso se vocΩ nπo queimou seu cordπo umbilical com a pßtria-mπe. Dß uma deprΩ fantßstica. ╔ comum a pessoa nπo estar preparada para o jogo de cintura que Θ viver no Brasil. Ou estar preparado para um tipo de vivΩncia que Θ melhor esquecer. ╔ uma segunda viagem, dessa vez no tempo, porque todo o tempo durante o qual se esteve fora, coisas aconteceram e vocΩ nπo participou delas. Isso marca. O ideal Θ voltar com algum dinheiro, mas nem sempre Θ possφvel. O mais chato Θ que o excesso de adrenalina nπo te ajuda numa entrevista pra emprego. Nem as pessoas conseguem avaliar tudo o que se tem para contar, quando tem vontade de ouvir. E nπo reconhecem mais o lugar de onde vieram. Tem aqueles que nπo voltam, nπo tem motivo para isso. Ou s≤ o corpo volta. A alma s≤ Deus sabe por onde navega... Por ·ltimo, um poeminha meu. S≤ pra dar uma idΘia do que aprendi com tudo isso.. Aqueles que algum dia forem fazer suas viagens, esses talvez acabem entendendo esse meu poeminha. Aos outros, peτo um pouco de paciΩncia ou pulem direto. * o Ser mineiro em Minas Θ redundΓncia N'alguns momentos da vida nπo existe pecado maior, do que ter nascido em Minas. ╔ bem aquela idΘia: Nπo importa a vida que se leva. Importa a vida que ficou em Minas Nao importa a morte que nos leva, cedo ou tarde na vida. Sempre restarß a lembranτa de que existiu Minas Ser mineiro Θ ser consequΩncia do fato de que existe Minas. Oculta na lembranτa a certeza de que o horizonte Θ uma linha torta, um elevado, que parece um monte por trßs do qual encontra Minas Minas pode esquecer o mineiro. Mas o mineiro nπo esquece Minas. Antes da morte nπo se sabe como Θ o cΘu ou o inferno Mas o mineiro sabe como Θ Minas. Quando morrer, chegando ao cΘu, perguntarei: ╥ Senhor, porque v≤s Minas gerais? E porque v≤s a mim em Minas gerais? Links interessantes: http://www.roadnews.com/home.htm Bibliografia: Amigos meus, a maioria. Algumas fotos peguei na rede, modifiquei. 2 sπo do famoso filme "EASY RIDER", peguei e MODIFIQUEI fotos de vßrios sites incluindo este http://home.earthlink.net/~sirkus/easy.html, o filme Θ bom, mas eu assisti depois de jß ter comeτado minhas viagens. O quadro Θ do Van Gogh, o link do Fernando Pessoa tß lß. O tφtulo do meu poema Θ "existencialismo mineiro". Achei um tanto bairrista pra colocar no que afinal deveria ser um hacker ezine, mas fanzine tΘm dessas e alΘm disso meus leitores jß deviam estar acostumados..